terça-feira, 12 de agosto de 2008

Nouvelle Vague parte 7

Os Símbolos da Nouvelle Vague - Andre Bazin


Seria impossível escrever sobre a Nouvelle Vague sem falar neste nome. Verdadeiro “pai” do movimento, não só por ter dirigido durante quase uma década os Cahiers du Cinema, o primeiro local de divulgação dos trabalhos – então abordagens criticas – dos “jovens turcos”, mas também por todo o seu trabalho como critico e pensador de cinema. Não só a sua abordagem ao cinema era feita com extrema sensibilidade, como os seus livros mais teóricos como “Quil Est Le Cinema?” ou os seus trabalhos de investigação sobre realizadores como Renoir e Wells, se tornaram verdadeiros livros de cabeceira para todos os amantes de cinema. Bazin representa perfeitamente a transição do cinema francês, dos dias de glória de Renoir, Vigo, Clair e Gance do pós 1º Guerra, para o cinema arrojado que a Nouvelle Vague vai apresentar, já após a sua morte. Não chegou a ver nenhum dos filmes que os seus pupilos criaram, mas a sua marca está em cada um deles.


Bazinfe.jpg


Os Símbolos da Nouvelle Vague - Jacques Doniol-Volcroize

É verdade que não foi apenas um dos “pais” do movimento. Chegou mesmo a integrá-lo, nas suas experiências como realizador na década de 60. Mas seria sem dúvida alguma o seu papel como diretor dos Cahiers, entre 51 e 64 – a sua época áurea – que ajudaria a definir posições junto dos jovens autores que se preparavam para “explodir”, enquanto ainda escreviam artigos corrosivos ou apaixonados (dependia sobre o que escreviam está claro). Doniol-Volcroize foi sempre um baluarte de segurança para os críticos e realizadores da Nouvelle Vague, e a sua figura quase paterna, fez dele uma peça nuclear do movimento.


doniol2.jpg


Os Símbolos da Nouvelle Vague - Alexander Astruc

O seu manifesto Le Camera Stylo foi premonitório do que se seguiria. Mais do que isso, soube acender o rastilho dentro da cabeça de Truffaut e companheiros, e abriu as comportas para a verdadeira inundação que seria a Nouvelle Vague. Astruc foi um pensador de cinema, critica, mas acima de tudo um apaixonado pelo cinema de autor, e pelas novas linguagem do cinema que começavam a ser exploradas no pós-Guerra, mas ás quais se dava ainda pouco valor. Como realizador nunca conheceu sucesso, mas como teórico foi um dos “pais espirituais” do movimento.


alexandre_astruc_portraitf.jpg


Os Símbolos da Nouvelle Vague - Roger Leenhardt

Influente crítico dos anos 30 e 40, foi um dos nomes que mais influenciou o pensamento de Bazin, e por arrasto praticamente, dos seus pupilos. Começou por escrever no L´Esprit, e fundou com dois dos cineastas autores dos anos 40, Jean Cocteau e Robert Bresson, o Objectif 49, um clube de discussão de cinema. O seu manifesto “À bas Ford! Vive Wyller!demonstrou a sua paixão pelo cinema de autor – apesar de se ter percebido mais tarde que o próprio Ford era um verdadeiro autor, e não apenas um produto do sistema e do pouco amado gênero que era o western – e os seus documentários e mais tarde, os seus trabalhos de ficção, apesar de não terem tido sucesso, são um espelho do seu pensamento sobre como fazer cinema de autor.



Os Símbolos da Nouvelle Vague - Henri Langlois


Impossível não referir o pai da Cinematheque. Como já dissemos antes, teria sido difícil haver Nouvelle Vague se não tivesse existido Henri Langlois, e com ele o seu arquivo imenso de filmes que fizeram da Cinematheque Française, o verdadeiro templo de adoração dos cinéfilos. Se os Cahiers foram o local de prática, a Cinematheque de Langlois foi o local de estudo. O seu papel é tão mais importante, quando pensarmos que toda a “Política dos Autores” e todo o estilo de cada um dos jovens autores, começou a ganhar contornos nas sessões que marcaram gerações.


Langlois.gif


Os Símbolos da Nouvelle Vague - Gilles Deleuze


Os seus escritos sobre semiótica, sociologia, e claro, sobre cinema, influenciaram imenso a forma de pensar cinema e de fazer critica de cinema no pós-guerra. Não teve um papel tão pessoal como Bazin ou Lehnardt junto dos jovens autores, mas mesmo assim o trabalho como críticos primeiro, e mais tarde como realizadores, muito deve ao trabalho teórico de Deleuze.


Deleuze.jpg


continua...

Nenhum comentário: