terça-feira, 12 de agosto de 2008

Nouvelle Vague parte 12

Filmes Que Marcaram a História - Nouvelle Vague : O Opúsculo de Uma Era que Já Foi


Existe uma clara tentação de tentar encontrar neste filme, paralelismo com o movimento homônimo do título do filme. Mas este Nouvelle Vague é mais Godard do que propriamente a Nouvelle Vague.


“Les chooses, non le mots!”


No seu período pós-1968, Jean-Luc Godard afastou-se do movimento no seu todo – Truffaut, Chabrol, Rohmer e Rivette sempre se pareceram mais uns com os outros do que com Resnais ou Godard – e decidiu trilhar o seu caminho no universo cinematográfico. Primeiro abraçou o cinema-manifesto, defendendo os ideais de esquerda, o maoismo sempre popular entre os jovens do Maio de 68. Depois alinhou no pensamento de Dziga Vertov e do kino-pravda, o cinema verité. Ainda passou pela televisão no final dos anos 70, e em plena década de 80 estava no pleno da sua forma, da sua forma de fazer cinema.

O filme Nouvelle Vague é o culminar dessa metamorfose. A desconstrução da narrativa, a valorização do cinema mudo através do uso do silêncio e do som não-sincronico, da mesma forma como foi explorado pelos autores europeus após a chegada do sonoro. Godard não conta necessariamente uma história. Não há aqui um argumento no sentido tradicional do termo, com personagens estruturadas, com uma narrativa a ser desenvolvida. O que Godard faz – e que já tinha ensaiado de certa forma em O Desprezo, onde também não há verdadeiramente uma história – é utilizar uma suposta história, uma suposta mulher, e utiliza-a como pretexto para explorar a própria condição humana. E aqui o nome da personagem - Helena - não é ingênuo. É claramente criado aqui um paralelismo com duas Helenas de verdadeira perdição: a Helena literária de Homero, e a Helena cinematográfica de Renoir.



Nouvelle Vague é acima de tudo um filme intelectual, um filme sobre o conceito de Humanidade, das relações humanas e da própria condição do Ser Humano. Frases profundas de autores célebres, pensamentos pertinentes sobre o amor, a vida e a perdição, são essa a verdadeira base do filme, o ponto central que Godard explora. Para o realizador as personagens são mosaicos de um pensamento, onde cada peça encaixa de forma estranha mas profunda, com as restantes.
Não encontramos aqui interpretações – até porque o cinema de
Godard no pós-68 deixa de ser um cinema de atores – de destaque. Mas a presença de Alain Delon, um dos rostos máximos da Nouvelle Vague, confunde. Afinal, este filme é ou não o opúsculo de uma era?
Existe de fato essa tentação. Até porque há muitos traços defendidos pelos autores da
Nouvelle Vague que vamos encontrando ao longo do filme. Mas a poesia do movimento agora está mais presente nos filmes de Wim Wenders do que propriamente na obra de Godard. Olhar para a Nouvelle Vague como um movimento uno, nos nossos dias como em 1990, é algo arriscado. Talvez este não seja de fato o filme que fecha um ciclo. Talvez esse ciclo nunca se feche, enquanto houver cinema de autor, cinema artístico. Ou talvez esse ciclo se tenha fechado há muito, ainda antes de todos terem reparado que a Nouvelle Vague, como inicialmente tinha sido idealizada, há muito que era apenas um sonho. Este não é o opúsculo da Nouvelle Vague. É o fechar da página por Godard. E é nessa pessoalização do movimento que encontramos a diferença fulcral na percepção da essência deste filme.
Godard não é a Nouvelle Vague, mas a Nouvelle Vague também é Godard.

O Melhor - A presença de Delon.

O Pior - A confusão de toda a narrativa

Curiosidade - Entre Je Vous Salut Marie e Histoires du Cinema, Godard assina o opúsculo da Nouvelle Vague. O mesmo é dizer, entre um filme desafiador e um filme nostálgico, encontramos uma era intemporal.

Realização - Jean-Luc Godard
Elenco -
Alain Delon, Domiziana Giordano, ...
Classificação - m/12
Duração - 90 m



Filmes Que Marcaram a História - O Demônio das Onze Horas : Quando a Nouvelle Vague Se Resume a Um Filme


Se algum dia, alguém perguntar se a Nouvelle Vague é definível num só filme, respondam não. Estariam a mentir, mas poupar-se-iam ao trabalho de explicar como O Demônio das Onze Horas é de fato esse filme que resume dentro de si todo o espírito de um movimento marcante para a história do cinema, da arte, e do próprio homem.


“Je ma apelle Ferdinand ! ”

Afinal, não há ali nada de Truffaut, de Chabrol, Resnais, Rivette ou Rohmer, e eles também são a Nouvelle Vague. Mas todo o Godard está lá, tudo o que ele ensaiou, atinge aqui o seu ponto de perfeição. E tudo o que a Nouvelle Vague defendia, ainda na redação dos Cahiers, é aqui aplicado de forma exemplar e magistral. Para ajudar podem dizer que aqui também andam dois mitos da Nouvelle Vague que dão pelo nome de Belmondo – quem o viu em Acossado percebe como é delicioso vê-lo neste filme – e Karina, num tom anárquico e delicioso. Aliás, não é deles um dos momentos mais deliciosos da história do cinema, quando Karina, falando sozinha, se vê interpelada por Belmondo que lhe pergunta com quem fala, ao que ela responde surpreendida “Com os espectadores!”.



Esta é verdadeiramente a súmula da Nouvelle Vague, numa altura onde muitos pensavam que tudo estava perdido. O cinema de autor tinha entrado em crise após anos de glória, e aos críticos Godard responde assim. Com magia! Tudo o que estava nos seus filmes anteriores está aqui. Jogos de cor com filtros que espelham estados de alma. Narração descontínua e desconstruida por completo. Experiências sonoras que vão desde momento de puro cinema mudo até experiências avant garde. Uso de legendas, de subtítulos, de travellings longos e poéticos. A presença, sempre fundamental, da banda-sonora. E, como não podia faltar, a homenagem ao cinema, desta vez representado por Samuel Fuller que define o cinema em meia dúzia de palavras, enquanto Godard o definirá em meia dúzia de planos ao longo do filme. Godard não mede esforços na composição de O Demônio das Onze Horas. Este é sem dúvida o seu filme mais experimental, iconoclasta e anárquico. E por isso tudo é um filme genial. Um filme que não só faz o elogio do cinema, como também mostra que a relação da 7º Arte com as restantes (literatura, pintura, música ou mesmo banda-desenhada) é algo perfeitamente natural e recomendável. A poesia não está apenas nas imagens. Está nas palavras, nos atos e nas emoções que o filme transborda. É difícil imaginar um filme tão solto e tão dinâmico numa época em que o cinema do sistema voltava a atacar em força, e onde os autores começavam a perder força.



Talvez também por isso este filme seja um verdadeiro marco histórico. O surrealismo das aventuras das personagens, do seu próprio final, de alguns momentos no decorrer da narração – o episódio do homem que ouve algo que só ele e nós conseguimos ouvir é dos maiores momentos da história da Nouvelle Vague, pela sua naturalidade, simplismo e, ao mesmo tempo, pela sua irreverência e genialidade – fazem deste filme, realmente o filme que resume dentro de si o espírito da Nouvelle Vague.
Está lá tudo, e na verdade falta imensa coisa. O que falta não importa porque não pertence a este barco. De fato, a
Nouvelle Vague poderia ser uma verdadeira armada, onde cada autor, com a sua linguagem e concepção própria do cinema, teria o seu barco. Se tal tivesse acontecido, não restariam dúvidas que o barco de Jean-Luc Godard seria colorido, teria colunas de som capazes de misturar o som das ondas com o dos motores do navio e com o próprio silêncio. Seria um barco onde a tripulação seria composta de homens indecisos e mulheres de rosto belo. Seria um barco onde as velas seriam remendadas com o corpo de uma ninfa dos mares. Se esse barco tivesse existido, chamar-se-ia O Demônio das Onze Horas!


O Melhor - A anarquia que reina do primeiro ao último minuto.

O Pior - O filme ter de acabar.

Curiosidade - Neste filme Godard explora toda a sua linguagem á exaustão, recuperando fórmulas de Acossado e de todos os seus filmes seguintes.

Realizador - Jean-Luc Godard
Elenco - Jean-Paul Belmondo, Anna Karina, ...
Duração - 110 m
Classificação - m/12



Filmes Que Marcaram a História - O Desprezo: O Corpo


Imaginar uma Odisséia feita por Godard (ou seria por Lang?) é um dos grandes atrativos deste filme. Afinal, Godard sempre manifestara vontade de fazer um filme sobre cinema, e é isso que aqui encontramos.


“Je te goûte quand tu me touche !!”


Uma debate sobre cinema, sobre os vários pontos de vistas que circulam à volta do cinema. O realizador autor – Fritz Lang numa belíssima homenagem – e a sua concepção do cinema arte. O argumentista, autor frustrado mas que entre o dinheiro e a arte, se mantém de alguma forma hesitante. O produtor, o irascível e todo poderoso produtor, que não tem problemas em transformar um filme para dele retirar um cêntimo a mais. E o público. Ou seja, o restante elenco e nós próprios que assistimos a esta discussão, tentando imaginar como seria a Odisséia feita por cada uma destas três personagens. Godard dá-nos essa liberdade, mas não é isso que interessa. Poderia ser, e daria certamente tema para muitas outras análises ao filme que marca o período de glória da Nouvelle Vague.

Mas O Desprezo é acima de tudo Brigitte Bardot. Não como foi E Deus Criou a Mulher, porque aí havia um efeito surpresa e quase uma juvenilidade na jovem atriz, que o distingue de imediato deste filme. Em O Desprezo Bardot e o seu corpo são a luz que se acende à nossa frente e nos guia até ao seu final. Ao contrário de Karina, que é primeiro atriz e depois mulher, aqui temos uma mulher que é primeiro mulher e depois atriz. Quando o seu corpo perde vida, também o filme deixa de ter qualquer razão de existir. E aí só sobra o mar, a natureza, as outras criações de Deus, bem mais imperfeitas do que o corpo de uma mulher, da forma como Godard nos apresenta.



Apesar de não ser um filme exibicionista – como o é de uma forma natural Viver a Vida – este é o filme mais sexual de toda a Nouvelle Vague. Despido ou vestido, o corpo de Bardot assim o exige. Todos os seus movimentos, todas as suas insinuações, todos os seus jogos, os seus olhares, são mais sexuais do que os próprios filmes eróticos, que grassavam no mercado negro. Há algo em Bardot – como havia em Marilyn, em Kim Novak, em Elizabeth Taylor – que transborda sexualidade, erotismo, e que condiciona desde logo um filme. É impensável fazer um tratado sobre a mulher com Bardot. Com ela faz-se sim, um tratado sobre o objeto sexual que é a mulher. Por muito machista e petulante que isso possa parecer, é exatamente o que Godard faz. Todo o desprezo que pauta a personagem de Bardot ao longo do filme – e que nunca é explicado a não ser por um beicinho que nos leva imediatamente de volta ao tratado sobre o corpo que é realmente a base do filme – não é absolutamente nada. Não há aqui o drama de Karina em Viver a Vida , ou a sua interrogação em Uma Mulher É Uma Mulher, nem mesmo o ar perdido de Jean Seberg em Acossado. O que aqui há, é uma das mulheres mais belas do mundo, naqueles dias, que desfila para Godard – como Novak desfilou para Hitchcock e Marilyn para Wilder – e que é a alavanca de uma história sobre cinema, sobre como se faz cinema.



O que, genialmente, o realizador faz, é unir as suas duas grandes paixões. A sétima arte e a mulher. Não foi o regresso a casa de Ulisses feito a pensar numa mulher? Não é a disputa entre Jack Palance e Michel Picolli originada por meia dúzia de olhares e uma meia hora suspeita com uma mulher? Não é o beicinho da assistente de Palance um dos momentos mais eróticos da filmografia godardiana? E não é a luz natural do Mediterrâneo a única que pode almejar a cobrir o corpo de Bardot? O que Godard encena com O Desprezo, é uma verdadeira obra-prima visual, não só pela forma como a faz, mas também, e pela primeira vez em Godard, por quem a compõem. Se Bardot é também a Nouvelle Vague, por tudo o que representa, o que aqui faz Godard é prestar vassalagem ao mito BB!


O Melhor - Se descobrimos Bardot e o seu corpo escultural em E Deus Criou a Mulher, é aqui que o vemos em todo o seu esplendor.

O Pior - Algumas falhas narrativas que Godard não assume por completo e se tornam um pouco perdidas no desenrolar do próprio filme.

Curiosidade - Este filme marca o final dos anos de glória da Nouvelle Vague. Haverá ainda O Demônio das Onze Horas, mas a verdade é que o sucesso dos jovens críticos-autores terá aqui o último momento de glória.

Realizador - Jean-Luc Godard
Elenco - Brigitte Bardot, Michel Picolli ,Fritz Lang, ...
Duração - 103 m
Classificação - m/12



Filmes Que Marcaram a História : Viver a Vida - A Paixão de Jean-Luc


De Godard dissemos que é um apaixonado das mulheres. Sem o conhecermos, acreditamos também que era imensamente apaixonado por uma mulher, de nome Anna Karina. Porque tal idéia? Basta ver Viver a Vida.


“Je suis malheureuse, je suis responsable !”


Ver o seu inicio – onde apenas a face, independentemente de onde é vista – de Karina importa. Basta seguir a história desta mulher, que ao contrário da mulher de Uma Mulher É Uma Mulher, vive claramente um drama, um drama sem solução, sem outro caminho que não seja a perdição, e depois, a morte!
Viver a Vida é considerado por muitos como a obra-prima de Godard. É de fato um dos seus filmes mais poderosos, por ser dos filmes mais despojados de efeitos, de jogos e de experiências. Um filme profundamente iconoclasta, mas extremamente sóbrio. Apesar da nudez feminina, não há aqui a exploração do corpo da mulher como haverá com Bardot em O Desprezo. Apesar do final da personagem principal, não há aqui uma tendência para a dramatização da vida. Tudo é feito com naturalismo, como se a água do rio corresse para o mar, calmamente, sabendo que lá chegando, se perderia na imensidão do oceano, mas, mesmo assim, não se importante, continuando a sua longa viagem.



O que mais impressiona neste filme – tirando mais um grande desempenho de Karina, talvez o mais bem conseguido de toda a sua carreira – é o despojamento de Godard. Filmar o início do filme, durante cinco longos e apaixonantes minutos, apenas e só as costas das suas personagens, esquecendo por momento a sua paixão pelo rosto humano, é assustador e ao mesmo tempo belo. E se, mesmo assim, há aqui e ali uma brincadeira com o som e com a imagem, a verdade é que este filme apresenta mais traços com um filme de Truffaut, pela sua sobriedade, do que qualquer outro filme godardiano. O que mostra também que a anarquia, o experimentalismo do realizador têm um contra-ponto. E que esse mesmo contra-ponto é igualmente desafiante das normas e dos padrões da época. E por conseguinte, por ser um próprio desafio ao cinema em si, o filme ganha contornos fascinantes.
A paixão com que Godard filma o resto de Karina é a mesma com que Dreyer filma a sua A Paixão de Joana D'Arc. É a mesma devoção do amante e também do realizador. E se O Desprezo é um filme de corpos. Se Uma Mulher É Uma Mulher é um filme de casais, este filme é essencialmente um tratado, uma análise sob o poder do rosto de uma mulher. Um ensaio experimental e ao mesmo tempo sóbrio. Um ensaio cheio de uma beleza quase soturna, a que o regresso ao preto-e-branco acentua claramente.



Mais uma vez em Godard não é a narrativa a alavanca do filme. Aqui a história da jovem prostituta que quer finalmente ser alguém, mas que anda a reboque de um universo que não controla, é secundária. É a forma como se conta a história que importa. É como acompanhamos Karina na sua primeira experiência, e nas restantes, e no momento em que ama, e em que explora o seu próprio interior. Nos momentos em que ri e nas horas em que sofre. Não é o seu final que importa. É a forma como ele é mostrado, de forma despudorada e seca, como se estivesse escrito que seria assim, desde o primeiro instante. Não há piedade, não há justiça. Há apenas o decorrer natural das coisas. Quem é Nana, porque sofre, porque quer fugir? Isso não interessa. O que interessa é que dela se extraiu uma história. Do rosto dela se compuseram imagens. E de tudo isso nasceu um filme. O final abrupto da história quer dizer isso mesmo. Ela viveu a sua vida, a sua vida acabou, não há motivo para o filme continuar. Fechem as cortinas, ela morreu, mas o cinema está mais vivo do que nunca.


O Melhor - A forma como Godard filma Anna Karina.

O Pior - Alguns elementos da narrativa surgem soltos de ordem, o que compromete a narrativa.

Curiosidade - Este será o segundo filme que o casal Karina-Godard faz em conjunto num total de seis obras.

Realizador - Jean-Luc Godard
Elenco - Anna Karina, Sady Rebot, ...
Duração - 83 m
Classificação - m/12



Remate Final - O Que foi a Nouvelle Vague?


Mais do que uma mera etapa na história do cinema, mais do que um movimento artístico ou social, a Nouvelle Vague foi um período decisivo na definição do cinema como forma de arte. Foi a época onde, pela primeira vez, o enfoque estava colocado não nas estrelas, não nos estúdios, mas sim nos autores. Nos realizadores – tantas vezes também argumentistas e outras coisas que mais – nos verdadeiros criadores da obra a que alguém um dia chamou de filme.



O mérito de Truffaut, Godard, Resnais, Chabrol, Rivette ou Rohmer, para não falar de todos os outros nomes que foram citados ao longo deste trabalho, foi o de terem sonhado. E de o seu sonho se ter tornado real. Por pouco tempo é certo. Mas foi um sonho que abriu inúmeras portas a amantes de cinema de todo o mundo. Ajudou a consolidar definitivamente o papel do criador cinematográfico. Ajudou a relançar o cinema, através de novas formas de linguagem cinematográfica, cuja tendência é pessoalizarem-se cada vez mais, e consolidou o papel da França como pólo cultural por excelência na Europa.

A Nouvelle Vague não se limitou a criar arte. Divulgou e recuperou obras passadas, abriu o caminho a trabalhos futuros, e deu inicio a um período mágico na história do cinema, onde com uns trocos nos bolsos, muita paixão e algum talento, se fazia um filme. Solto, humano, livre!
A linguagem da
Nouvelle Vague – num misto de tudo o que já tinha sido feito e do viria a ser feito a partir daí – desmultiplicou-se em inúmeras linguagens, umas dando enfoque na narrativa, outros no trabalho da imagem, outras nas experiências sonoras. Mostrou ao mundo o cinema em direto. Recuperou o cinema-verdade. Bebeu e deu a beber idéias ao universo do documentário. Revolucionou a produção de ficção. Trouxe o cinema para a rua. E trouxe as pessoas de volta ao espírito inicial da 7º Arte.

Como Godard teria dito, a certa altura da sua caminhada, a Nouvelle Vague não foi constituída apenas por amantes de cinema, como aqueles que enchiam as sessões da Cinematheque Française ou devoravam os Cahiers. A Nouvelle Vague foi feita por cinéfilos que conheciam a história do cinema, “desde Grifith”, ou seja, desde os seus primórdios. Sabiam o que tinha sido feito, sabiam como fazer bem. Sabiam o que explorar, o que recuperar, para onde partir.
Mesmo que não tivesse tido outro mérito – e ao longo do trabalho foram inúmeros enunciados – este já serviria. Pela primeira vez na história, o cinema foi feito por cinéfilos! Só por isso, já valeu a pena haver
Nouvelle Vague.


Assim são 40 anos de Nouvelle Vague...

fonte: hollywood.weblog

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