terça-feira, 12 de agosto de 2008

História do Rock no Cinema – Parte 5: Rolling Stones

Its only rock n roll

Numa entrevista do documentário The Stones in the Park, Mick Jagger fala que os Beatles gostam de compor e gravar discos enquanto os Rollings Stones preferem fazer shows. Isso é algo se reflete na história deles no cinema, existem diversos documentários e shows gravados, mas nenhum filme como os Beatles faziam.

A primeira aparição dos Rolling Stones no cinema foi em The T.A.M.I Show, de 1965, sobre um festival que reuniu bandas inglesas e americanas. Participaram Beach Boys, Chuck Berry, James Brown, Marvin Gaye, Gerry and the Pacemakers e The Supremes, entre outros. Em 1966, a banda estrelou o documentário Charlie Is My Darling sobre uma excursão de dois dias dos Stones na Irlanda. Muitas entrevistas e poucas músicas ao vivo.

O diretor Jean-Luc Godard foi chamado para fazer um filme sobre a legalização do aborto na Inglaterra. Entretanto, quando chegou, o país mudou suas leis e a produção tornou-se desnecessária. Então Godard resolveu fazer um filme ou sobre os Beatles ou sobre os Stones. Os Beatles declinaram da oferta, já os Stones aceitaram prontamente. O resultado, lançado em 1968, se chama One Plus One, mas também é conhecido por Sympathy for the Devil e mostra as sessões de gravação da famosa canção da banda intercalando com cenas de jovens discutindo assuntos como racismo, marxismo, pornografia, movimento black power. Godard também insere comentários políticos e metafísicos sobre cinema e música. Como muitos filmes de Godard, é relevante, mas também muito chato. Percebendo isso, o produtor inseriu uma performance da banda tocando a música inteira ao final do filme. Isso lhe rendeu um soco do Godard em público.

Em 1968, a banda decide fazer um especial de televisão para divulgar seu disco Beggars Banquet, juntando outras bandas e músicos num picadeiro de circo. The Rolling Stones Rock and Roll Circus tornou-se um filme histórico por diversos motivos. Foi a última apresentação ao vivo da banda com Brian Jones; é o único vídeo do Jethro Tull com Tony Iommi (Black Sabbath) na formação; tem a única apresentação gravada que o The Who fez de sua primeira opereta A Quick One While Hes Away; e a única apresentação de um supergrupo formado por Eric Clapton, John Lennon, Mitch Mitchell e Keith Richards. Como a apresentação dos Stones foi a última a ser gravada no dia, após supervisionarem tudo que acontecia, eles estavam cansados e não fizeram uma boa performance, ficando aquém dos convidados. Essa foi a razão principal do especial ter sido vetado, além de alguns problemas contratuais com os artistas envolvidos. Só foi lançado oficialmente em 1996. A direção é de Michael Lindsay-Hogg, que havia feito dois clipes da banda e depois dirigiria Let It Be, dos Beatles.

O documentário The Stones in the Park, de 1969, registra outro momento histórico da banda: um show gratuito no Hyde Park, em Londres, apenas dois dias depois da morte de Brian Jones. Também é a estréia de Mick Taylor como guitarrista. Homenagens a Brian são feitas, como a leitura de um poema de Percy Shelley por Mick Jagger e uma revoada de borboletas brancas. Esta última não deu muito certo porque as caixas com centenas de borboletas ficaram muito tempo no sol e muitas morreram, algumas voaram por pouco tempo antes de também morrerem.

Outro momento crucial dos Stones é registrado pelas câmeras em dezembro de 1969. Para marcar o fim da turnê norte-americana, a banda decidiu fazer um grande concerto gratuito, assim como o de Hyde Park, ocorrido antes dessa excursão. O show inicialmente seria no Golden Gate Park, em San Francisco, mas a prefeitura não permitiu e foi transferido para Altamont. A infra-estrutura teve que ser toda montada em menos de 24 horas. Da mesma maneira que tinham feito no Hyde Park, os Stones contrataram os Hell Angels como seguranças. Mas os Angels yankees mostraram-se muito mais violentos que os ingleses, agredindo o público e nem respeitando as bandas que tocaram no dia. Entre as atrações estavam Jefferson Airplane, The Flying Burrito Bothers, The Grateful Dead, Ike & Tina Turner e B. B. King (que nem aparece no filme). Quando os Stones tocaram “Under My Thumb” é que aconteceu o fato que marcou esse evento: um jovem negro, armado, é assassinado por um dos seguranças na frente das câmeras. A banda não parou de tocar para não causar um tumulto maior ainda. Gimme Shelter, o documentário que registra esses tristes eventos, é um dos mais importantes da história do rock. Ao todo, quatro pessoas morreram naquele dia.

Após a fatalidade de Altamont, os shows dos Stones passaram a ser bem organizados e viraram modelo para outras bandas. Os documentários de shows também mudaram, o foco passou a ser a apresentação do grupo, como em Lets Spend the Night Together, de 1983, dirigido por Hal Ashby, que mostra a turnê americana de 1981. Boas apresentações dos clássicos da banda. Atualmente, como regra de mercado, para cada disco lançado existe um vídeo de um show ou de uma turnê. Mesmo sendo bons e bem gravados, é direcionado para fãs, não apresentam nenhuma novidade ou algo relevante para este artigo.

Fugindo um pouco desse esquema bem-comportado, existe um documentário sobre a turnê americana de 1972 chamado Cocksucker Blues. Traz basicamente cenas de bastidores; e apenas uma ou outra seqüência de shows. Mostra tudo aquilo que sempre ouvimos falar sobre bandas de rock: depredação de hotéis, sexo com groupies, consumo de drogas e tudo mais. Por causa do seu conteúdo, os Stones tentaram – mas não conseguiram – impedir judicialmente o lançamento, mas devido a seu título, o filme foi exibido em poucos cinemas. Até hoje não foi lançado em DVD e nem tem cópias em VHS.

I try and I try and I try and I try

Mick Jagger fez algumas incursões no cinema como ator. A primeira foi no polêmico Performance, de 1970. Filmado dois anos antes, sofreu várias montagens diferentes até seu lançamento para amenizar o conteúdo altamente violento e erótico. No Brasil, foi censurado durante o governo militar. O enredo conta o convívio de duas pessoas diametralmente opostas, um gangster violento e um astro do rock bissexual (Jagger) entediado com a vida. Também traz a primeira gravação solo de Jagger: "Turners Song: Memo from T".

Em 1970 protagonizou Ned Kelly, sobre um lendário ladrão australiano. Uma curiosidade: durante as filmagens, Mick compôs “Brown Sugar”. A produção ganhou uma refilmagem recente com Heath Ledger e Orlando Bloom.

Em 1982, o vocalista iria participar de Fitzcarraldo, de Werner Herzog, chegou até a gravar algumas cenas no meio da Amazônia, mas Mick Jagger abandonou o projeto. O diretor destruiu todos os negativos que não foram utilizados na edição final do filme, não sobrando nenhuma cena com Jagger e Jason Robards, outro ator que abandonou o filme, sendo substituído por Klaus Kinski. Poucas cenas dos dois aparecem no documentário sobre o filme chamado Burden of Dreams, cenas que foram reaproveitadas por Herzog no seu documentário Meu Melhor Inimigo (Mein liebster Feind - Klaus Kinski), de 1999.

Jagger veio ao Brasil em 1987 para filmar Running Out of Luck, um fiapo de história que tenta unir os vários clipes de seu disco solo Shes The Boss. Há participação do cantor Ritchie (aquele do abajur cor de carne) numa cena no aeroporto Santos Dumont, no Rio. Também participam vários atores brasileiros como Norma Bengell, José Dumont, Grande Otelo, Tony Tornado, Paulo César Pereio e até o Marcelo Madureira do Casseta e Planeta. O filme nada mais é do que a velha visão estereotipada que os estrangeiros têm sobre nós; aparece até uma plantação de bananas.

Jagger também atuou em Freejack – Os Imortais, de 1992. Ficção científica que fez algum sucesso na época e tornou-se seu filme mais conhecido no Brasil. Pena que tenha conteúdo tão fraco.

Em 1997, participou de Bent, uma produção estrelada por Clive Owen que retrata o tratamento dado pelos nazistas aos homossexuais na Segunda Guerra. Jagger interpreta um travesti chamado Greta. Filme lançado em duas versões; uma com maior quantidade de cenas sexuais explicitas e outra com essas cenas retiradas.

Sua última atuação, por enquanto, foi em Confissões de um Sedutor (The Man From Elysian Fields), de 2001, estrelado por Andy Garcia. Filme de baixo orçamento que não teve muito destaque.

Keith Richards, o pirata

O guitarrista dos Rolling Stones foi chamado para fazer o papel do pai de Johnny Depp em Piratas do Caribe 2, mas Richards nega que irá participar, pelo menos pelas últimas notícias. Seria perfeito para o papel, principalmente porque Depp declarou que sua interpretação de pirata, que lhe valeu uma indicação ao Oscar, foi inspirada no próprio lendário guitarrista.

fonte: omelete

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