Os Rostos - Jean-Paul Belmondo
A sua inesquecível performance em Acossado fez imediatamente dele o rosto masculino da Nouvelle Vague. Num movimento em que a revalorização do rosto e do corpo era fundamental – como contraposto ao puritanismo do cinema francês de então – as atuações tempestuosas e carnais de Belmondo encaixam-se que nem uma luva. Viveu os seus papeis mais inesquecíveis para Godard – Acossado, Uma Mulher É Uma Mulher e O Demônio das Onze Horas – mas também passou pela mão de outros realizadores (Melville, De Broca), sendo que deixou igualmente a sua marca bem vincada no cinema comercial francês de então.
Os Rostos - Jean-Pierre Leaud
Se Belmondo foi o “rosto” masculino da Nouvelle Vague, já Leaud foi o “primeiro rosto” de destaque nos filmes do movimento. Com apenas 15 anos trabalhou com Truffaut em Os Incompreendidos, filme que ajudou desde logo a fazer dele uma estrela precoce. Trabalharia a amiúde com Truffaut, não apenas na série Antoine Doinel, mas também na sua obra-prima As Duas Inglesas e o Amor. No entanto esteve igualmente em projetos de outros realizadores da Nouvelle Vague, como foi o caso de Godard – Masculino-Feminino e Made in USA – Rivette – Out One: Spectre – ajudando a consolidar-se como elemento fulcral do movimento. Recentemente fez dele próprio no filme Os Sonhadores de Bertolucci, num dos momentos mais importantes da sua carreira, quando defendeu a Cinematheque da carga policial em 68.
Os Rostos - Alain Delon
Não fez cinema apenas em França, mas foi aqui que começou a definir-se como ator de enorme talento. Descoberto em Cannes, juntamente com outro ícone da Nouvelle Vague – Jean Claude Brialy - o jovem Delon estreou-se com O Sol por Testemunha em 1960 e desde aí afirmou-se de imediato como uma das grandes estrelas do cinema francês. Passou por Itália – O Leopardo, Rocco e Seus Irmãos – e por Hollywood – Scorpio – antes de voltar a França e integrar o elenco de vários policiais do final dos anos 60. Seria a cara escolhida por Godard para representar o movimento no filme Nouvelle Vague de 1990.
Os Rostos - Brigitte Bardot
Mais do que o “rosto”, Brigite Bardot foi o “corpo” do cinema francês dos anos 50 e 60. As suas formas esculturais foram exploradas inicialmente por Roger Vadim, que em E Deus Criou a Mulher, quebra todos os tabus e expõe o seu corpo despido qual Afrodite, deixando-o na mente de todos os cinéfilos de então. Notoriamente estrela de cinema comercial, mais manifesto a explorar a sua carnalidade, voltou no entanto ao cinema de autor com Godard e Louis Malle nos anos 60, em O Desprezo e Vida Privada. O primeiro filme confirmaria o ícone de bomba sexual, com alguns dos planos mais arrojados que o cinema francês tinha. Se a Nouvelle Vague é também o corpo, a carnalidade, o erotismo, é-o graças a BB.
Os Rostos - Anna Karina
Ela sim foi um dos rostos mais amados dos anos 60. Não só pela mão do seu marido Jean-Luc Godard (que preferiu Jean Seberg a ela no casting de Acossado), mas também com Jacques Rivette, que a escolheu para viver a freira contrariada de A Religiosa. Com Godard fez O Pequeno Soldado, Uma Mulher É Uma Mulher, Viver a Vida, Made in USA e O Demônio das Onze Hora, confirmando-se como a grande atriz da década. O seu belo rosto era muitas vezes o tema de muitas das cenas de Godard, que o utiliza magistralmente no genérico inicial de Viver a Vida, filme que marca a sua consagração definitiva. No pós-Nouvelle Vague, Karina continuará a ser uma das atrizes de eleição do cinema europeu, colaborando com Fassbinder, Visconti ou Raul Ruiz.
Jeanne Moreau
Outros dos grandes símbolos sexuais dos anos 50 – onde demonstra todo o seu talento e erotismo em filmes de Jacques Becker e Louis Malle – vai conhecer o ponto alto da sua carreira ao lado de Oskar Werner e Henri Serre no filme Jules e Jim de Truffaut. Um desempenho assombroso que a consagra definitivamente junto da crítica e do público, e a leva a outras paragens, onde irá trabalhar com Antoinioni, Loosey, Wells, Buñuel, Fassbinder ou Wim Wenders. A atriz da Nouvelle Vague que conseguiu melhor explorar a sua imagem e talento no panorama internacional.
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